sábado, 26 de fevereiro de 2011

A última Aliyah - II Parte

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Na primeira parte deste artigo, com o título “Os dois irmãos – A Diáspora e o Retorno” fizemos alusão ao plano de Deus respeitante à restauração plena do povo de Israel, e que se reveste de três aspectos principais – a restauração da nação, a restauração do povo à sua própria terra, e, por fim, a sua restauração espiritual, durante a qual Jesus será finalmente reconhecido como o Messias (Zacarias 12:10). O facto de os judeus terem sido espalhados pelos quatro cantos do mundo, naquilo que é conhecido como Diáspora, prepara o cenário para que a segunda fase desse projecto divino tenha lugar: o Retorno. Por isso se dizia no final do artigo anterior: “Há ainda muito caminho para trilhar. Como tal, desengane-se quem pensa que as palavras da chamada de Deus a Abraão se esgotaram nele e nos seus descendentes mais chegados. Nos dias exactos em que vivemos, elas fazem-se ouvir novamente, mais válidas que nunca: ‘Sai-te da tua terra …’ Passados todos estes anos, tornam a fazer sentido, e não apenas na Mesopotâmia, como outrora, mas por todo o mundo onde quer que haja um descendente do Patriarca Abraão – um judeu. É a última Aliyah.
Vejamos, pois, de forma muito sucinta, quais os fundamentos que conduzem a esse regresso, e os sinais que espelham a iminência do seu cumprimento.

Poder-se-ia fazer nascer uma terra em um só dia…?
Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra em um só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos. (Isaías 66:11).

Em 1948, Israel voltou a ser um país independente, exactamente no mesmo território outrora dado a Abraão. Aquilo que parecia impossível para um povo depauperado pela catástrofe do Holocausto aconteceu. Também Jerusalém, a cidade do rei David, é, desde 1967, chão sagrado de Israel, e a sua capital eterna. E se esses são, por ora, os aspectos mais significativos do renascimento final de Israel, é certo que ao contrário do que parece, não são coisa de pouca monta. O renovo da nação, a posse do território, a soberania sobre Jerusalém, o orgulho de ser povo – com História, terra, língua, bandeira e Hino – são ingredientes que fazem recrudescer o sonho do regresso, e lhe conferem um maior sentido. Por isso, a expressão “Para o ano, em Jerusalém!” saiu da esfera do sonho para a da possibilidade.
Eretz Israel é um apelo irresistível, um chamamento a que nenhum judeu pode ficar indiferente. E embora o Sionismo apoie esse conceito, o Retorno não é, na sua origem, um sonho da esfera política. Antes de tudo o mais que seja humano, é a expressão da vontade do próprio Deus. Porque o retorno dos judeus ao território de Israel é um assunto de Deus. Não é uma página da agenda política sionista, nem a estratégia de um grupo de fanáticos religiosos ortodoxos de Jerusalém. A Aliyah faz parte de um plano divino que envolve e continuará a envolver a Diáspora. A Bíblia é muito clara nesse sentido:
Portanto, assim diz o Senhor JEOVÁ: Agora, tornarei a trazer os cativos de Jacob. E me compadecerei de toda a casa de Israel; terei zelo pelo meu santo nome. E levarão sobre si a sua vergonha e toda a sua rebeldia com que se rebelaram contra mim, quando eles habitarem seguros na sua terra, sem haver quem os espante; quando eu os tornar a trazer de entre os povos, e os houver ajuntado das terras de seus inimigos, e for santificado neles aos olhos de muitas nações. (Ezequiel 39:25-27).

Como se vê no texto bíblico, é Deus quem se encarrega, e quem se continuará a encarregar de fazer voltar o Seu povo. Mas porquê tanto interesse em que o judeu volte àquela terra? A resposta em versão curta está associada ao conhecimento bíblico que nos permite afirmar que Israel ficará cada vez mais isolado no mundo: Deus conhece o futuro, conhece o interior do Homem, e vai revelar-se a Israel nos tempos finais, protegendo cada judeu e toda a nação. A imagem do judeu a viver em paz no mundo, é um quadro com cores que só existem na nossa imaginação mais fértil. Não passa de ficção. A Sociedade sempre se mostrou inábil a gerir cenários sensíveis onde o judeu esteja presente. A verdade é que o mundo sempre foi e ainda é um lugar cada vez mais inconsistente para o judeu.

A intolerância e o ódio, catalisadores vulgares da violência, são uma realidade diária para ele. Exemplos? Basta estar atento às notícias que chegam do mundo árabe, e que clamam abertamente “vamos varrer os judeus para o mar”, sem que se ouçam vozes de discordância ou de indignação. Basta dar atenção aos quadrantes mais “diplomáticos”, como o das Nações Unidas: veja-se o rigor – que não é igual para com outros membros – das inúmeras deliberações que fazem de Israel um alvo frequente, demonizando um país e um povo, ao fazer convergir sobre ele a desconfiança e a ira de todo o mundo. Da mesma forma, os meios de comunicação social são, muitas vezes, a ponta de uma lança constantemente cravada em Israel, e que, na prática, se traduz na manipulação da opinião pública através da muita desinformação veiculada de forma consciente e tendenciosa.


Paz, paz; quando não há paz
Sejamos claros, o perigo é real. Os argumentos que vigoraram no passado, e que aliciaram, envolveram e condicionaram as sociedades para consentir e tolerar a violência contra os judeus, não se esgotaram nos métodos, nem na forma, nem no conteúdo. A Inquisição não desapareceu, apenas mudou de nome (hoje chama-se “Congregação para a Doutrina da Fé” e o Cardeal Ratzinger, agora Papa Bento XVI, já esteve à frente dos seus destinos) [ver]. Ainda há bolsas nazis em hibernação, movimentos neo-nazis, um pouco por todo o mundo. Os pogroms apenas se tornaram improváveis, mas a vontade de muita gente em “riscá-los de entre as nações, e de não haver mais memória do nome de Israel” (Salmos 83:4) permanece inalterada hoje, como há milhares de anos atrás.

Auto-de-Fé em Espanha

Quem garante que esses fantasmas vão permanecer apenas como fantasmas? Pelo mundo fora, o discurso politicamente correcto de paz e tolerância preside apenas às intenções, mas não reina nas mentalidades, e muito menos está presente na hora da vingança. Que o diga Lara Logan, jornalista da CBS em serviço no Egipto, que, na praça Tahrir e no meio de 200 manifestantes, foi agredida sexualmente e de forma repetida, enquanto gritavam “Jew” (judia) como justificação para o acto. [ver] O conhecimento do Homem e da História podem facilmente antecipar as reacções geradas face ao judeu, e diz-nos que raramente são boas. Quando colocados perante o mínimo sinal de injustiça por parte de Israel (e elas por vezes existem, como em toda a parte), quando postos perante um deslize do judeu, sabemos que o politicamente incorrecto, a alienação animalesca sai do armário, para se mostrar ao mundo em toda o seu vigor e verdade mais violenta e sanguinária. Daí que o retorno ao território de Israel de todos os judeus espalhados pela face da terra seja para eles uma questão de segurança.

Muitos entenderão este cenário como improvável. Mas o certo é que Israel tende a ficar cada vez mais isolado na cena internacional, e ficá-lo-á a tal ponto, que até pelo seu aliado natural e histórico – os Estados Unidos da América – um dia será também abandonado. Felizmente que as acções de Deus e as páginas da Bíblia não estão em nada dependentes do veredicto do Homo Sapiens. Se Deus profetizou o regresso de Israel à terra de Israel, isso irá acontecer. Como muito bem disse Oswald Smith, “História é apenas profecia cumprida!”.

E o que diz essa profecia? Ezequiel não foi o único “a ver” o retorno a Israel dos filhos de Jacob, a Aliyah final. Também Jeremias, Amós ou Isaías viram e ouviram o mesmo apelo. Este último, por exemplo, cerca de setecentos anos antes de Jesus vir ao mundo, escreveu:
E acontecerá, naquele dia, que as nações perguntarão pela raiz de Jessé, posta por pendão dos povos, e o lugar do seu repouso será glorioso. Porque há-de acontecer, naquele dia, que o Senhor tornará a estender a mão para adquirir outra vez os resíduos do seu povo que restarem da Assíria, e do Egipto, e de Patros, e da Etiópia, e de Elão, e de Sinar, e de Hamate, e das ilhas do mar. E levantará um pendão entre as nações, e ajuntará os desterrados de Israel, e os dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra. (Isaías 11:10-12).

Hoje, a Aliyah já é um facto indesmentível. Mas estão criadas as condições para um aumento maciço dos judeus que regressam à sua terra. E pelo facto de ser um assunto que depende do próprio Deus, a Aliyah do final dos tempos, a Aliyah final, não pode ser encarada apenas como uma probabilidade. Ela será uma realidade (!), na altura certa, nos lugares próprios, e incluirá todos aqueles a quem Deus incomodar. Se foi a disciplina divina quem expulsou os pais de Eretz Israel por causa da sua rebelião, será a misericórdia divina quem fará voltar todo o judeu que vive na Diáspora a essa mesma terra. Porque, a dívida que os pais contraíram, a dívida dos pecados antigos de Israel, já está paga. Chamou-se Diáspora! Deus nunca eterniza a disciplina que Ele mesmo inflige, e sabe em que medida usá-la. Faz a ferida, mas Ele mesmo a liga. Deus sabe qual o tempo certo para usar de misericórdia: Vinde e tornemos para o SENHOR, porque ele despedaçou e nos sarará, fez a ferida e a ligará (Oseias 6:1).


Estes são dias de Moisés
O calendário de Deus grita. Os dias de hoje não são “dias”, mas apenas “um dia” de carácter muito especial. Os dias de hoje são como o dia catorze de Nisã que a Bíblia retrata, a véspera da Páscoa (erev Pessach), a última noite que Israel passou no Egipto. São dias de Moisés. O Êxodo para a Terra de Israel, é hoje, agora! Disfarçado no ódio das guerras que grassam no Médio Oriente, disfarçado na política prevalecente de uma Nova Ordem Mundial – de que a Comunidade Europeia é um dos pivots – mas bem às claras no meio árabe, reflectindo anti-semitismo judaico e xenofobia, há um perigo muito similar ao Anjo Destruidor do Egipto, condicionado para exterminar. Não é seguro para o judeu da Diáspora viver fora do abrigo da sua casa. E a terra de Israel é o seu abrigo por excelência, como outrora foi, e como hoje é para os que lá vivem. A terra de Israel aguarda-o, como as casas que mostraram o sangue do cordeiro-protector nos umbrais das portas. É lá, e apenas lá que ele tem de se recolher.

“Sai-te da tua terra …” A ordem para sair da zona de conforto e enfrentar as palavras da profecia repete-se. As antigas promessas – que continuam vivas e suspensas no tempo – são reafirmadas. O seu cumprimento pleno está para breve, com a convergência total de factores que Deus controla. Todo o poder da profecia está ainda latente, como uma brasa que fumega.
Num dia de “HOJE” que já nasceu, e em que o Sol brilhará apenas até que as verdades de Deus se cumpram. Daí que, somente quando todo o judeu responder “Hineni” (eis-me aqui) ao apelo divino, e tiver voltado à terra de Abraão, os termos da chamada de Abraão estarão esgotados.
Então, saberão que eu sou o SENHOR, seu Deus, vendo que eu os fiz ir em cativeiro entre as nações, e os tornei a ajuntar para voltarem à sua terra, e nenhum deles excluí. Nem esconderei mais a minha face deles, quando eu houver derramado o meu Espírito sobre a casa de Israel, diz o Senhor JEOVÁ. (Ezequiel 39:28-29).
“Nem uma unha ficará”, vociferou Moisés, ameaça e prometendo. Foi o brado final do homem mais manso sobre a face da terra (Números 12:3), a um Faraó que tentava, a todo o custo, impedir a revolta dos escravos hebreus. Moisés referia-se às unhas do gado que lhes pertencia. Queria dizer que as unhas dos bodes e das vacas significavam aquilo que os animais tinham de mais desprezível e de nenhum valor. Mas, firmado na força que lhe advinha de Deus determinou que nem mesmo esse nada os hebreus iriam deixar ficar para trás. E não deixaram, e não ficaram. Assim acontecerá novamente.
Sabemos bem que tudo aquilo que Deus declara, terá, infalivelmente o seu cumprimento. E quando Deus proclama de uma forma específica que “os tornei a ajuntar para voltarem à sua terra, e nenhum deles excluí…”, podemos estar certos de que todos os que Ele escolheu, voltarão para a terra de Israel. TODOS!

E…, como diria Moisés, se fosse vivo…, nem um cabelo ficará!!!.

Eduardo Fidalgo
A seguir, a conclusão: Em que podemos ajudar.



1 comentário:

Samuel Esteves disse...

Ler, conhecer e compreender as profecias bíblicas a este respeito é o primeiro passo para todos os cristãos que amam o povo escolhido de Deus: o povo judeu!
Amar, apoiar e defender o povo escolhido de Deus é um dever de todo o cristão: importe relembrar que Jesus julgará todos aqueles que se lembraram ou não, dos seus pequeninos irmãos!.