sexta-feira, 11 de junho de 2010

No dia em que os palestinianos foram portugueses

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Ferry-boat Lusitânia Expresso

O navio Lusitânia Expresso, ou
no dia em que os palestinianos foram portugueses,
e os israelitas eram indonésios…

O Lusitânia Expresso
Já vai longe na memória dos portugueses aquele dia de 1992 em que o Lusitânia Expresso, um ferry-boat para transporte de passageiros e veículos zarpou rumo a Timor-Leste, numa acção de protesto ao massacre de timorenses no cemitério de Santa Cruz, Dili, pelas tropas indonésias. Mas deixemos a Wikipédia relembrar-nos os factos:
“A viagem do Lusitânia Expresso a Timor foi uma iniciativa da equipa da revista Fórum Estudante, com o objectivo de sensibilizar a opinião pública internacional para a causa de Timor, que contou com o apoio de várias figuras públicas, nomeadamente o ex-presidente da República de Portugal, General Ramalho Eanes.
Mobilizou 120 estudantes, de 23 países, que partiram de Portugal com o objectivo de colocar uma coroa de flores no local do massacre, e, assim atrair a atenção dos media sobre a temática da opressão do povo de Timor-Leste.
Na sua última etapa com largada de Darwin a 9 de Março de 1992, após 3 meses de viagem, o Lusitânia Expresso foi sobrevoado por aviões militares indonésios e interceptado no dia 11 de Março, à entrada das águas territoriais de Timor, por quatro navios de guerra indonésios. Após lançar flores ao mar, em memória dos mortos de Timor-Leste, o Lusitânia Expresso foi obrigado a regressar a Portugal.
Embora não atingisse o objectivo de chegar a Dili, em Timor-Leste, a viagem do Lusitânia Expresso conseguiu mobilizar as atenções da imprensa internacional para a situação dramática em que vivia o povo de Timor, contribuindo de certa forma para a retirada da Indonésia e a independência da última colónia Portuguesa.”

Lusitânia Expresso x Mavi Marmara
Comparando o recente episódio ao largo da Faixa de Gaza que envolveu o Mavi Marmara, e aquele junto a águas indonésias com o Lusitânia Expresso, são óbvias as semelhanças entre as duas missões:
- Ambas se serviram de meios navais civis para levarem a cabo os seus intentos.
- Ambas chamaram a atenção da opinião pública mundial, servindo-se da presença massiva dos mídia.
- Ambas estavam rotuladas de pacifistas.
- Ambas declararam que a missão já era, por si só, uma vitória, independentemente dos resultados.
- Ambas contavam com o patrocínio de personagens relevantes da sociedade civil.
- Ambas tinham conhecimento prévio de que não lhes seria permitido chegar ao destino pretendido.
- Ambas tiveram de responder de forma clara, quando confrontadas com essa proibição.
E, de semelhanças, ficamos por aqui.

Perder e Ganhar
É a partir do momento que foi ordenado aos navios para darem meia-volta, tanto pelos indonésios em 1992, como pelos israelitas em 2010, que tudo se precipitou, para o melhor e para o pior.
Perante a imposição dos indonésios, o Lusitânia Expresso regressou ao porto de origem. Contrariamente, o Mavi Marmara recusou fazê-lo. Recusou de forma clara, já que não inverteu a rota, e recusou verbalmente, porque os mídia fizeram eco da resposta negativa. O desfecho é mais do que conhecido.
Pergunta-se: No caso português, foi a imagem dos 120 estudantes ou a do próprio General Ramalho minimamente beliscada? Não! Foi de derrota o sentimento geral? Não! E porquê? Porque a operação "Missão Paz em Timor” bastou-se a si mesma. Foi uma vitória num contexto de vitórias. Chamou-se a atenção do mundo para um problema, mas respeitou-se a integridade de todos os que tomaram parte na missão. E esta, tanto quanto os envolvidos, saiu prestigiada e a ganhar.

Este não era o Barco do Amor
Agora, o Mavi Marmara. Se, como foi afirmado anteriormente, a operação em si mesma já era um sucesso, por que é que os tripulantes não acataram as ordens israelitas?
- Em primeiro lugar, aquelas declarações nunca tiveram qualquer valor. Os “pacifistas” sempre tiveram muito mais em mente. Construíram o êxito que lhes pareceu maior: na certeza de não chegarem a Gaza, provocaram a “violência israelita”, e tornaram-se “vítimas” dela. Para além disso, a bênção dos midia estava garantida: com o mundo a observar, o momento tinha de ser de vitória a bem ou vitória a mal. Daí que, antes de partirem para alto-mar, as imagens mostravam já os que afirmavam claramente “o martírio, ou Gaza”!
- O Mavi Marmara transportava gente que se tinha “aviado em terra para ir ao mar”. Sabiam que os confrontos eram inevitáveis, face às posições que iam provocar. Mas não levaram só as fundas de David. Antes da chegada das tropas, as imagens mostravam os “pacifistas” a preparar as barras de ferro, as garrafas, as fisgas, as navalhas, as correntes, o material explosivo, para não falar das cápsulas de balas encontradas depois, e que, não pertencendo às IDF, prova que também havia armas (certamente pacíficas ?) a bordo. Depois foi o que se viu.
- O Mavi Marmara transportava civis numa “guerra santa”, mas que, na verdade, estavam cinicamente destinados a servir como escudos-humanos. O mundo ouviu e hipocritamente aceitou como natural a inocente (???) informação de que “mulheres, crianças e velhos” viajavam no navio. Isso foi reportado pelo operador de câmara libanês da Al-jazeera TV, Andre Abu Khalil. Mulheres, crianças e velhos? Que espécie de homens colocam as suas mulheres, os seus filhos ou os seus pais em tal cenário, quando sabem que ele vai ser palco de uma guerra? A verdade é que se tentou criar as balas perdidas que poderiam ter colocado em delírio o Ocidente anti-semita e o mundo árabe … Que mentalidade é esta, para quem a vida humana não tem valor, e que se esconde atrás de mulheres, crianças e velhos? Que gente é esta, que esconde arsenais em escolas, mesquitas e hospitais? Que gente é esta que, nunca se assumindo pessoalmente como mártires, aponta o caminho aos outros?

O Hamas decidiu: A Ajuda Humanitária não entra em Gaza
Para lá destes incidentes, e certamente na posse de relatórios e vídeos de prova, o primeiro-ministro Netanyahu, referindo-se ao Mavi Marmara, disse à Nação: "Este não era o Barco do Amor”.
Para lá destes incidentes, e confirmado que a ajuda humanitária o era realmente, ela foi colocada em 21 camiões e colocada à disposição do Hamas, na fronteira, pronta a entrar em Gaza. Resposta do Hamas? O Hamas não autorizou a entrada da ajuda humanitária no território, sob o pretexto de que “a decisão de Israel em permitir a entrada da ‘ajuda’ é uma ‘manobra de diversão’ para desviar as atenções do ‘massacre’ que teve lugar em mar alto.”


A História mostra que culpar o judeu de tudo aquilo que afecta a humanidade é o comportamento típico de quem pensa com uma mente primitiva, e a atitude mais desumana de quem sente com um coração racista. Através dos tempos, o judeu tem sido o bode expiatório ideal, e alguns acreditam nisso religiosamente.
A Peste Negra? O judeu foi culpado.
Jesus Cristo? O judeu foi culpado.
O Holocausto? O judeu foi culpado.
A Economia Mundial? O judeu é culpado.
Os palestinianos? O judeu é culpado.
A Fome? O judeu é culpado.
O aquecimento global? O judeu é culpado.
A Ajuda Humanitária não chega a Gaza? O judeu é culpado.
A Ajuda Humanitária chegou a Gaza? O judeu é culpado.

... Vídeos para quê? ...
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