sábado, 5 de março de 2011

A Aliyah Final - III Parte

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Nos dois últimos artigos passamos em revista o caminho em que Deus colocou Israel, face aos comportamentos desviantes que o povo adoptou. Beneficiar com intensidade da Mão protectora que já se tinha uma vez levantado em seu favor no Egipto, dependeu sempre e apenas deles. A escolha inteligente teria sido a via da obediência e fidelidade, mas não foi isso que aconteceu.
Não foi, pois, uma aposta ganha. A Bíblia mostra-nos que as duas casas – a de Israel e a de Judá – acabaram por ser gravemente prejudicadas pela sua inconstância, que levou à disciplina de Deus há muito anunciada. Se o Reino de Israel pura e simplesmente foi dissolvido entre as nações (II Reis 17), o de Judá experimentou o exílio (Jeremias 25:11-12). E no final do tratamento de Deus, quando a hora de liberdade soou, muitos não voltaram à terra de origem: uns ficaram ali mesmo, na Babilónia, outros foram mais além, e tentaram a sorte noutras paragens.

No entanto, por mais séculos que se passassem, Eretz Israel nunca foi esquecido, e as perseguições sofridas por onde quer que se estabelecessem potenciaram as saudades da sua terra. Daí que os movimentos de retorno são contínuos, movimentos que se intensificaram quando a ex-nação milenar se tornou novamente num país independente por direito próprio, criado, reconhecido e aprovado por decisão das Nações Unidas, no ano de 1948.

Tal como expusemos antes, seria ingenuidade nossa interpretar este fluxo e refluxo populacional como acasos ou tendências que a História motivou ou favoreceu: Será mais realista entendermos que desde sempre Deus velou por estes acontecimentos, e acompanhá-los-á até ao final que idealizou, por amor ao Seu Nome, mas também por amor a Israel.

Não temas, pois, porque eu sou contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente, e te ajuntarei desde o Ocidente. Direi ao Norte: dá; Ao Sul: não retenhas: trazei meus filhos de longe, e minhas filhas das extremidades da terra. (Isaías 43:5-6).

A Lei do Retorno
Em 1948, a Declaração de Independência já espelhava a abertura do Estado de Israel para a imigração judaica, para o regresso dos exilados. No entanto, cerca de dois anos após essa data, exactamente a 5 de Julho de 1950, aquela abertura foi reforçada com contornos legais, quando o Knesset promulgou a “Lei do Retorno”, assinada pelo então Primeiro-Ministro David ben Gurion. Ela determina que “Todo o Judeu tem o direito de vir a este país como um oleh”. O termo “oleh” significa “um Judeu que imigra para Israel”. A Lei do Retorno estipula, pois, o direito de todo aquele que é judeu e a viver no “exílio”, a estabelecer-se em Israel e a tornar-se cidadão israelita.

Esta convergência de visões envolvendo o retorno – a concordância da visão de Deus e a dos homens – mostra quão importante e sensível é este assunto: aprovado pelo céu e pela terra, parece desenvolver-se perante os nossos olhos como uma força imparável, como um movimento que avança sem que haja oposição digna desse nome que se lhe atravesse no caminho.

Uma questão – uma questão crucial – emerge, contudo, deste cenário profético tornado realidade. É dirigida apenas àqueles que se preocupam com Israel, àqueles que amam a nação e o povo de Israel: O que é possível fazer, a fim de tornar o Retorno um processo mais agilizado? Em que área ou áreas é possível ajudar? Estarão os gentios amigos de Israel proibidos de prestar qualquer tipo de apoio, ou haverá tarefas que poderão ser desenvolvidas por eles?

A nossa responsabilidade no Retorno
A resposta a essas questões é-nos dada tanto pela História como pela própria Bíblia. Vejamos como. A História revela-nos cinco grandes Aliyah’s do povo judeu na Diáspora, e que tiveram lugar entre os anos de 1882 e 1939. O número de imigrados durante esses cinco grandes movimentos foi superior a 192.000, vindos de lugares como a Rússia, Roménia, Alemanha, Iémen do Sul ou Polónia. Mas houve outras operações de imigração, que tiveram lugar após a Independência, mais propriamente entre os anos de 1949 e 1991. Estas adoptaram nomes próprios, nomes de código, e envolveram o transporte de mais de 200.000 pessoas, vindas do Iraque, Iémen e Etiópia. Foram chamadas pelos nomes de “Operação Tapete Mágico”, “Operação Esdras e Neemias”, “Operação Mosheh” e “Operação Shlomo”.
Na verdade, foram milagres que os profetas tinham antecipado, como fez Jeremias, referindo-se então a dias vindouros, que são hoje:

“Portanto, eis que dias vêm, diz o Senhor, em que não se dirá mais: vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do Egipto: Mas sim: vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do Norte e de todas as terras para onde os tinha lançado; porque eu os farei voltar à sua terra, que dei a seus pais”. (Jeremias 16:14-16).

Nestas quatro mega-operações de transporte, foram utilizados largos meios aéreos, que se traduziram em centenas de voos. Este facto, segundo alguns intérpretes da Bíblia – que vêem nas palavras do profeta a referência ao avião – apenas prova o que o profeta Isaías tinha predito especificamente há cerca de dois mil e setecentos anos:

"Quem são estes que vêm voando como nuvens e como pombas para as suas janelas?" (Isaías 60:8)

Em todo o processo de restauração do povo judeu à sua terra, há que referir que têm sido os esforços diplomáticos dos sucessivos governos de Israel, a visão de organizações internacionais de índole cristã-evangélica, assim como o empenho de cidadãos amigos de Israel em todo o mundo – judeus e gentios – que têm materializado a voz dos que falaram no passado, da parte de Deus, acerca do retorno. Na verdade, muitos gentios se têm junto a esta causa, abraçando-a e envolvendo-se nela, porque o Senhor mesmo deu esse incentivo:

“Assim diz o SENHOR: Eis que levantarei a mão para as nações e, ante os povos, arvorarei a minha bandeira; então, trarão os teus filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os ombros." (Isaías 49:22).

Judeus e gentios devem ter a visão de um Israel restaurado e empenhar-se nessa restauração. Animamos os amigos de Israel a contribuir financeiramente com esse propósito, que tem ainda um enorme caminho a percorrer. Há organizações credíveis e bem articuladas com as entidades específicas em Israel, que acolherão com agrado as contribuições financeiras de todos os que quiserem fazer parte deste projecto de Deus.

Também é nossa responsabilidade elevar as nossas vozes a Deus, no sentido de rogar pelo povo de Israel e pelo seu regresso a casa. Deus ouvirá. A Bíblia é clara no sentido de nos mostrar um Deus sensível aos apelos em favor de Israel:

“Tenho posto vigias sobre os teus muros, ó Jerusalém; eles não se calarão jamais em todo o dia nem em toda a noite: não descanseis vós os que fazeis lembrar a Jeová, e não lhe deis a ele descanso, até que estabeleça, e até que ponha a Jerusalém por objecto de louvor na terra. (Isaías 62:6-7).

Um dia, a restauração plena de Israel será um facto. O povo judeu apenas pode esperar em Deus para que ela venha a ser uma realidade. Por sua vez, Deus conta com os amigos de Israel para ajudar a dar-lhe vida. Por isso, tomar parte nesse projecto é um privilégio a não perder.
Eduardo Fidalgo



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