terça-feira, 31 de março de 2009

A Explosão na Sbarro's

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Uma explosão na Sbarro's

No mês de Agosto de 2001, Moshé (nome fictício), um bem sucedido empresário judeu, viajou para Israel afim de concretizar alguns negócios. Na quinta-feira, dia nove, entre duas reuniões, o empresário aproveitou para ir fazer um lanche rápido numa pizzaria na esquina das ruas Jaffa e Melech George, no centro de Jerusalém.
O estabelecimento estava superlotado. Logo ao entrar na pizzaria, Moshé percebeu que teria que esperar muito naquela fila enorme, se realmente quisesse comer alguma coisa – mas, na verdade, não dispunha de muito tempo. Indeciso e impaciente, pôs-se a ziguezaguear por perto do balcão de atendimento, esperando que alguma solução caísse do céu.
Percebendo a angústia do estrangeiro, um israelita perguntou-lhe se ele aceitava entrar na fila no lugar à frente do seu. Mais do que agradecido, Moshé aceitou. Fez o seu pedido, comeu rapidamente e saiu em direcção à sua próxima reunião.
Menos de dois minutos após ter saído, ouviu um estrondo terrível. Assustado, perguntou a um rapaz que vinha do mesmo caminho que ele acabara de percorrer o que acontecera. O jovem disse que um homem-bomba acabara de detonar uma bomba na pizzaria Sbarro‘s...
Moshé ficou branco. Por apenas dois minutos ele escapara ao atentado. Imediatamente se lembrou do homem israelita que lhe oferecera o lugar na fila. Certamente ele ainda estava na pizzaria. Aquele homem salvara a sua vida, mas agora poderia estar morto. Atemorizado, correu para o local do atentado para verificar se aquele se ele necessitava de ajuda. No local, contudo, encontrou uma situação caótica.
A Jihad Islâmica enchera a bomba do suicida com milhares de pregos, para aumentar o seu poder destrutivo. Além do terrorista, de vinte e três anos, outras dezoito pessoas morreram, seis delas sendo crianças. Cerca de outras noventa ficaram feridas, algumas em condições críticas. As cadeiras do restaurante estavam espalhadas pela calçada. Pessoas gritavam e acotovelavam-se na rua, algumas em pânico, outras tentando ajudar de alguma forma. Entre os feridos e mortos estendidos pelo chão, vítimas ensanguentadas eram socorridas por polícias e voluntários. Uma mulher com um bebé coberto de sangue implorava por ajuda...
Um dispositivo de emergência já estava a ser montado pelo exército. Moshé procurou o seu "salvador" entre as sirenes sem fim, mas não conseguiu encontrá-lo. Decidiu tentar de todas as formas saber o que acontecera com o israelita que lhe salvara a vida. Estava vivo por causa dele. Precisava saber o que lhe acontecera, se ele precisava de alguma ajuda e, acima de tudo, agradecer-lhe pela sua vida.

O senso de gratidão fez com que esquecesse da importante reunião que o aguardava. Começou a percorrer os hospitais da zona, para onde tinham sido levados os feridos no atentado. Finalmente encontrou o israelita num leito de um dos hospitais. Estava ferido, mas não corria risco de vida.
Moshé conversou com o filho daquele homem, que já estava acompanhando seu pai, e contou-lhe tudo o que acontecera. Disse que faria tudo o que fosse preciso por ele. Que estava extremamente grato àquele homem e que lhe devia a sua vida. Depois de alguns momentos, Moshé despediu-se do rapaz e deixou-lhe o seu cartão. Caso o seu pai necessitasse de qualquer tipo de ajuda, o jovem não deveria hesitar em comunicar com ele.
Quase um mês depois, recebeu um telefonema daquele rapaz no seu escritório em Nova Iorque, contando que o seu pai precisava de uma operação de emergência. Segundo os especialistas, o melhor hospital para fazer aquela delicada cirurgia ficava em Boston, Massachussets.
Moshé nem hesitou. Tomou todas as providências para que a cirurgia fosse realizada em poucos dias. Além disso, fez questão de ir pessoalmente receber e acompanhar o seu amigo a Boston, que fica a uma hora de avião de Nova Iorque.
Talvez outra pessoa não tivesse feito tantos esforços apenas pelo senso de gratidão. Outra pessoa poderia ter dito "Afinal, ele não teve intenção de salvar a minha vida: apenas me ofereceu um lugar na fila". Mas não Moshé. Ele sentia-se profundamente grato, mesmo um mês após o atentado. E ele sabia como retribuir um favor.
Naquela manhã de terça-feira, Moshé foi pessoalmente acompanhar o seu amigo – e não foi trabalhar. Sendo assim, pouco antes das nove horas da manhã, naquele dia onze de Setembro de 2001, Moshé não estava no seu escritório, no 101º andar de uma das Torres Gémeas do World Trade Center.

Relato do Rabi Issocher Frand
Adaptação: Eduardo Fidalgo

1 comentário:

Anónimo disse...

IMPRESSIONANTE, NO MÍNIMO.
Nuno