terça-feira, 10 de março de 2009

O PURIM em Israel nos dias de hoje

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O PURIM em Israel nos dias de hoje

... para que não haja mais memória do nome de Israel. Salmos 83:4
Na História de Portugal não existe nenhum momento em que outra nação nos quisesse destruir como povo. Talvez o pior momento que experimentámos foi a perda da independência para a Espanha, por um período de 60 anos. Foi, naturalmente um tempo difícil de aceitar, mas não foi nada que se possa comparar à dimensão de um extermínio étnico. Mas esta comparação é-nos útil para entender os sentimentos presentes num judeu quando chega o dia de Purim. Porque, no Purim, Israel não foi aniquilado. No Purim, Israel prevaleceu. Por isso, o Purim é antes de mais, uma festa de sobrevivência. Sobrevivência atribuída à misericórdia de Deus, não às armas!
Cerca de novecentos anos antes, houve uma primeira tentativa de erradicar as gerações judaicas à nascença, através morte de todos os seus meninos (Êxodo 1:15-22). Sifrá e Puá, as parteiras judaicas, foram então, naquela época, os "Sousa Mendes" ou os "Raoul Wallenberg" escolhidos para minimizar o impacto de tal decisão. Nesta segunda tentativa de extermínio, Deus levanta não duas libertadoras, mas apenas uma, a rainha Ester. Dessa forma, o nome de Ester estará ligado para sempre a esta libertação.
Devemos entender a libertação do Purim como um episódio determinante para a nação judaica. O Império Persa era tão vasto e poderoso, com as suas "cento e vinte e sete províncias"(1:1), que a quantidade de judeus mortos produziria estragos muito maiores que os seis milhões que desapareceram na II Guerra Mundial. No Israel de hoje, o Livro de Ester é lido na sua totalidade, tanto na véspera do Purim como na manhã seguinte. Debrucêmo-nos então sobre esse livro, já que nele encontramos tudo o que necessitamos para entender a festa judaica, e a forma como ainda hoje é celebrada.

Quando devem os judeus celebrar o Purim?
Ester 9:20 E Mardecai escreveu essas coisas e enviou cartas a todos os judeus que se achavam em todas as províncias do rei Assuero, aos de perto e aos de longe, 21 ordenando-lhes que guardassem o dia catorze do mês de adar e o dia quinze do mesmo, todos os anos,
Todos os acontecimentos relacionados com o Purim tiveram lugar no mês de Adar, o 12.º mês do calendário judaico. Assim, a partir daquele ano, passou a celebrar-se nos dias 14 e 15 do mês daquele mês. No dia 13, um dia antes, é lembrado o "Jejum de Ester".

Como celebram os judeus o Purim?
Ester 9:22 como os dias em que os judeus tiveram repouso dos seus inimigos e o mês que se lhes mudou de tristeza em alegria e de luto em dia de folguedo; para que os fizessem dias de banquetes e de alegria e de mandarem presentes uns aos outros e dádivas aos pobres.
Ao ler o versículo bíblico, entendemos que a festa tem três vertentes de celebração:
1.º- A tristeza que se mudou em alegria, o luto em folguedo
A alegria passeia pelas ruas de Israel. Este sentido de transformação da tristeza em alegria e do luto em folguedo é traduzido pelas máscaras que, sobretudo os mais novos, usam nestes dias. É comum nestes dias verem-se centenas de pessoas mascaradas, mas isso nada tem a ver com o nosso Carnaval. Nas sinagogas (onde este clima de alegria está sempre presente) e durante a leitura do Livro de Ester, há quem faça soar os reco-recos (foto à direita) sempre que o nome de Hamã é pronunciado, com o intuito óbvio de o "apagar", ou simplesmente faça uma "pateada" com o mesmo intuito.
2.º- A ordem para a realização de banquetes
É um tempo de festas em Israel. As famílias, os amigos, os crentes, juntam-se para celebrar. É uma época em que a gastronomia própria destes dias marca lugar, e de que destacamos as "Orelhas de Hamã", um bolo de forma triangular, com recheio de figo, chocolate, etc. (foto à esquerda)
3.º- O envio de presentes uns aos outros e aos pobres
A fartura à mesa de cada família não faz esquecer os amigos, nem os mais necessitados. Assim, são separadas "porções" para aqueles que não estão presentes, mas que são destinatários da bênção de cada um que celebra a alegria da intervenção divina no primeiro Purim. Aos pobres, também é usual dar ofertas em dinheiro.


Por que se chama Purim?
Ester 3:7 No primeiro mês (que é o mês de nisã), no ano duodécimo do rei Assuero, se lançou Pur, isto é, a sorte, perante Hamã, de dia em dia e de mês em mês, até ao duodécimo mês, que é o mês de adar.
Ester 3:13 E as cartas se enviaram pela mão dos correios a todas as províncias do rei, que destruíssem, matassem, e lançassem a perder a todos os judeus desde o moço até ao velho, crianças e mulheres, em um mesmo dia, a treze do duodécimo mês (que é mês de adar), e que saqueassem o seu despojo.
Ester 9:23 E se encarregaram os judeus de fazerem o que já tinham começado, como também o que Mardecai lhes tinha escrito. 24 Porque Hamã, filho de Hamedata, o agagita, inimigo de todos os judeus, tinha intentado destruir os judeus; e tinha lançado Pur, isto é, a sorte para os assolar e destruir. 25 Mas, vindo isso perante o rei, mandou ele por cartas que o seu mau intento, que intentara contra os judeus, se tornasse sobre a sua cabeça; pelo que o enforcaram a ele e a seus filhos numa forca. 26 Por isso, àqueles dias chamam Purim, do nome Pur;
Como vemos, o termo Purim significa e alude às "sortes" que foram lançadas sobre o povo judeu. Essas "sortes", ou sorteio, determinaram o dia em que o povo judeu deveria ser exterminado.

Por que é que o Purim ainda é festejado nos dias de hoje pelos judeus?
Ester 9:26 pelo que também, por causa de todas as palavras daquela carta, e do que viram sobre isso, e do que lhes tinha sucedido, 27 confirmaram os judeus e tomaram sobre si, e sobre a sua semente, e sobre todos os que se achegassem a eles que não se deixaria de guardar esses dois dias conforme o que se escrevera deles e segundo o seu tempo determinado, todos os anos; 28 e que estes dias seriam lembrados e guardados geração após geração, família, província e cidade, e que estes dias de Purim se celebrariam entre os judeus, e que a memória deles nunca teria fim entre os de sua semente.
Pela leitura destes versos entendemos que, enquanto houver judeus na terra, o Purim será celebrado. Não só em Israel, mas também em toda a "província e cidade" (onde haja judeus), uma celebração "sem fim" anunciado, de geração em geração.


Eduardo Fidalgo

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei imenso, claro, objectivo e de facil entendimento. Deu-me vontade de reler o livro de Ester: Nuno